Mãos à obra
José Aníbal
Falta de mão de obra especializada no Brasil. Nos últimos meses, tal constatação tem aparecido cada vez com mais assiduidade em pesquisas de instituições renomadas. Embora as empresas estejam se beneficiando com o reaquecimento da economia após a crise financeira, muitas não encontram profissionais com formação adequada para ocupar os cargos disponíveis.
A conseqüência é preocupante: cerca de dois terços dos empregadores enfrentam dificuldades na contratação. Esse número coloca o Brasil acima de todos os países das Américas na falta de compatibilidade entre oferta e demanda de mão de obra. Em contrapartida, segundo pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cerca de 5,5 milhões de brasileiros dificilmente conseguirão emprego neste ano, por terem baixa escolaridade ou falta de experiência profissional.
Então, não é de qualquer profissional que o Brasil precisa. As áreas mais carentes de pessoal precisam de mão de obra com conhecimento técnico ou tecnológico, em sua maioria. Buscam operários para trabalhar no ramo do transporte, siderurgia, construção civil e indústria automobilística, como técnicos de produção, operadores de máquinas, motoristas, assistentes administrativos, eletricistas, carpinteiros etc.
Também sabemos que as empresas cada vez mais requerem habilidades para além da formação tradicional de um curso acadêmico: querem trabalhadores que tenham conhecimento multidisciplinar, com uma visão ampla da realidade que vivem. Estão à caça de pessoas que colaborem com estratégias simples no dia a dia, com comportamento proativo na empresa.
Para resolver essa específica carência de mão de obra, há que se contemplar uma série de fatores, mas principalmente um: precisamos de mais capacitação técnica e tecnológica. Como relatei em meu último artigo, São Paulo é o Estado que mais investe nessa área. No governo Serra, o número de Fatecs (Faculdades de Tecnologia), aumentou de 26 para 50 instituições e a vagas nas Etecs (Escolas Técnicas), foi de 70 mil para 170 mil vagas. Essa é a política pública que todo o Brasil precisa replicar. É necessário que não só um estado, mas o governo federal invista com veemência na construção de instituições especializadas e na reutilização de espaços públicos já existentes para suprir tal demanda. Parcerias com prefeituras têm surtido efeito para que São Paulo aumente ainda mais o número de salas de aula para formação técnica no ensino médio.
A valorização do ensino técnico e tecnológico também deve partir da sociedade civil. Estudo da Fundação Getúlio Vargas aponta que as chances de emprego para quem fez ensino técnico aumentam em 48,2% em relação a quem só concluiu o ensino médio, e os seus salários são até 13% maiores. Sabemos também que 93% das pessoas que estudaram nas Fatecs e 73,7% das que frequentaram as Etecs conseguem emprego um ano após a conclusão do curso.
A educação especializada é capaz, portanto, de resolver duas pontas de um mesmo impasse, pois preenche com excelência as vagas na indústria e insere profissionais no mercado com salários melhores do que a média. Mas é importante não esquecer que o profissional precisa ter uma formação de vida, e não só acadêmica, eficiente. Na verdade, os investimentos de base devem ser não só no ensino fundamental, mas em tudo o que proporciona mais qualidade de vida ao cidadão. Para isso, infraestrutura, saneamento básico, transporte público, acesso à comunicação são fundamentais. O cidadão, o trabalhador busca e precisa dessa rede global para colaborar com o crescimento do Brasil. E é nisso que os próximos governos estaduais e federal devem insistir: no constante avanço, sem a acomodação de quem já alcançou algumas metas e ignora o potencial de seu país.
(O mesmo texto se encontra em formato PDF na área de artigos de Blog.)
José Aníbal
Falta de mão de obra especializada no Brasil. Nos últimos meses, tal constatação tem aparecido cada vez com mais assiduidade em pesquisas de instituições renomadas. Embora as empresas estejam se beneficiando com o reaquecimento da economia após a crise financeira, muitas não encontram profissionais com formação adequada para ocupar os cargos disponíveis.
A conseqüência é preocupante: cerca de dois terços dos empregadores enfrentam dificuldades na contratação. Esse número coloca o Brasil acima de todos os países das Américas na falta de compatibilidade entre oferta e demanda de mão de obra. Em contrapartida, segundo pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cerca de 5,5 milhões de brasileiros dificilmente conseguirão emprego neste ano, por terem baixa escolaridade ou falta de experiência profissional.
Então, não é de qualquer profissional que o Brasil precisa. As áreas mais carentes de pessoal precisam de mão de obra com conhecimento técnico ou tecnológico, em sua maioria. Buscam operários para trabalhar no ramo do transporte, siderurgia, construção civil e indústria automobilística, como técnicos de produção, operadores de máquinas, motoristas, assistentes administrativos, eletricistas, carpinteiros etc.
Também sabemos que as empresas cada vez mais requerem habilidades para além da formação tradicional de um curso acadêmico: querem trabalhadores que tenham conhecimento multidisciplinar, com uma visão ampla da realidade que vivem. Estão à caça de pessoas que colaborem com estratégias simples no dia a dia, com comportamento proativo na empresa.
Para resolver essa específica carência de mão de obra, há que se contemplar uma série de fatores, mas principalmente um: precisamos de mais capacitação técnica e tecnológica. Como relatei em meu último artigo, São Paulo é o Estado que mais investe nessa área. No governo Serra, o número de Fatecs (Faculdades de Tecnologia), aumentou de 26 para 50 instituições e a vagas nas Etecs (Escolas Técnicas), foi de 70 mil para 170 mil vagas. Essa é a política pública que todo o Brasil precisa replicar. É necessário que não só um estado, mas o governo federal invista com veemência na construção de instituições especializadas e na reutilização de espaços públicos já existentes para suprir tal demanda. Parcerias com prefeituras têm surtido efeito para que São Paulo aumente ainda mais o número de salas de aula para formação técnica no ensino médio.
A valorização do ensino técnico e tecnológico também deve partir da sociedade civil. Estudo da Fundação Getúlio Vargas aponta que as chances de emprego para quem fez ensino técnico aumentam em 48,2% em relação a quem só concluiu o ensino médio, e os seus salários são até 13% maiores. Sabemos também que 93% das pessoas que estudaram nas Fatecs e 73,7% das que frequentaram as Etecs conseguem emprego um ano após a conclusão do curso.
A educação especializada é capaz, portanto, de resolver duas pontas de um mesmo impasse, pois preenche com excelência as vagas na indústria e insere profissionais no mercado com salários melhores do que a média. Mas é importante não esquecer que o profissional precisa ter uma formação de vida, e não só acadêmica, eficiente. Na verdade, os investimentos de base devem ser não só no ensino fundamental, mas em tudo o que proporciona mais qualidade de vida ao cidadão. Para isso, infraestrutura, saneamento básico, transporte público, acesso à comunicação são fundamentais. O cidadão, o trabalhador busca e precisa dessa rede global para colaborar com o crescimento do Brasil. E é nisso que os próximos governos estaduais e federal devem insistir: no constante avanço, sem a acomodação de quem já alcançou algumas metas e ignora o potencial de seu país.
(O mesmo texto se encontra em formato PDF na área de artigos de Blog.)
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