Quando eu era ainda um jovem, Muitos personagens conhecia, Eu tinha uns vinte anos, Quando na Beira vivia. Havia uma especialmente, Pela sua forma “coquette,” Que atraía a atenção, Era a famosa Gillette. Nunca se soube a sua idade, Nunca a soube ninguém, Mas isso sim se notava, Era como Matusalém. Pintava-se com maquilhagem, Com batons e com rubores, Parecia muitas vezes, A paleta dos pintores. Não tinha sentido do ridículo, Por isso a admirava, Ia sempre com o marido, O Gil, que a acompanhava. Às noites iam ao cinema, Ela vestia-se vaporosa, Com vestidos de menina, Porque se sentia formosa. O pobre Gil aguentava, Levar-lhe a echarpe e a carteira, Porque diziam que ela, Era a rica verdadeira.. Dizia a gente da Beira, Que antes estava casada, Com um dentista francês, Mas ele já não a aguentava. Que então pediu ao Gil, Pois era seu assistente, Que a levasse de França Para bem longe, para sempre. Dizem que houve dinheiro, Nessa rara transacção, Instalaram-se na Beira, Com dinheiro a montã...