Quando eu era ainda um jovem,
Muitos personagens conhecia,
Eu tinha uns vinte anos,
Quando na Beira vivia.
Havia uma especialmente,
Pela sua forma “coquette,”
Que atraía a atenção,
Era a famosa Gillette.
Nunca se soube a sua idade,
Nunca a soube ninguém,
Mas isso sim se notava,
Era como Matusalém.
Pintava-se com maquilhagem,
Com batons e com rubores,
Parecia muitas vezes,
A paleta dos pintores.
Não tinha sentido do ridículo,
Por isso a admirava,
Ia sempre com o marido,
O Gil, que a acompanhava.
Às noites iam ao cinema,
Ela vestia-se vaporosa,
Com vestidos de menina,
Porque se sentia formosa.
O pobre Gil aguentava,
Levar-lhe a echarpe e a carteira,
Porque diziam que ela,
Era a rica verdadeira..
Dizia a gente da Beira,
Que antes estava casada,
Com um dentista francês,
Mas ele já não a aguentava.
Que então pediu ao Gil,
Pois era seu assistente,
Que a levasse de França
Para bem longe, para sempre.
Dizem que houve dinheiro,
Nessa rara transacção,
Instalaram-se na Beira,
Com dinheiro a montão
Tinham um Oldsmobile
Duas cores tinha a carro
Traziam-no primoroso
Enfeitado como um jarro.
Cha cha chas, tangos e mambos,
Com ela também dancei,
Na “boite” do Grande Hotel,
Onde muito a aturei.
O marido muito contente,
Porque assim ele descansava,
Quando eu ia ao consultório,
Uns bons descontos me dava.
A Gillete pelas tardes
Ia muito às matinés,
Como o Gil trabalhava,
Acompanhava-a o José.
José era o “pequenino”,
Que com eles trabalhava,
Dava banho ao cãozinho,
E à Madame acompanhava.
Levava a carteira à senhora,
Ia sempre ao seu lado,
Pela trela o cãozinho,
Um salsicha acastanhado.
Vivia a amiga Gillette
Se não me recordo mal
No edifício em frente
Da Câmara Municipal.
Eu aí sim nunca fui,
Porque a casa em que vivia,
Diziam os do Lar Moderno,
A um “bouduoir” se parecia.
Quem estivesse na Praça,
Sentado na explanada,
Via passar a senhora,
Sempre muito perfumada.
Francesa até ao fim,
Escrevo aqui neste papel,
De Paris mandava vir
O seu perfume, o Channel.
Fizemos greve aos cinemas,
E a “Gillette” a apoiar,
Ao aumentarem os preços,
Dos bilhetes para entrar.
Morreu lá em Moçambique
Já muito velha a Gillette
Encontrou-se com São Pedro
Mas isso sim, bem “coquette
Muitos personagens conhecia,
Eu tinha uns vinte anos,
Quando na Beira vivia.
Havia uma especialmente,
Pela sua forma “coquette,”
Que atraía a atenção,
Era a famosa Gillette.
Nunca se soube a sua idade,
Nunca a soube ninguém,
Mas isso sim se notava,
Era como Matusalém.
Pintava-se com maquilhagem,
Com batons e com rubores,
Parecia muitas vezes,
A paleta dos pintores.
Não tinha sentido do ridículo,
Por isso a admirava,
Ia sempre com o marido,
O Gil, que a acompanhava.
Às noites iam ao cinema,
Ela vestia-se vaporosa,
Com vestidos de menina,
Porque se sentia formosa.
O pobre Gil aguentava,
Levar-lhe a echarpe e a carteira,
Porque diziam que ela,
Era a rica verdadeira..
Dizia a gente da Beira,
Que antes estava casada,
Com um dentista francês,
Mas ele já não a aguentava.
Que então pediu ao Gil,
Pois era seu assistente,
Que a levasse de França
Para bem longe, para sempre.
Dizem que houve dinheiro,
Nessa rara transacção,
Instalaram-se na Beira,
Com dinheiro a montão
Tinham um Oldsmobile
Duas cores tinha a carro
Traziam-no primoroso
Enfeitado como um jarro.
Cha cha chas, tangos e mambos,
Com ela também dancei,
Na “boite” do Grande Hotel,
Onde muito a aturei.
O marido muito contente,
Porque assim ele descansava,
Quando eu ia ao consultório,
Uns bons descontos me dava.
A Gillete pelas tardes
Ia muito às matinés,
Como o Gil trabalhava,
Acompanhava-a o José.
José era o “pequenino”,
Que com eles trabalhava,
Dava banho ao cãozinho,
E à Madame acompanhava.
Levava a carteira à senhora,
Ia sempre ao seu lado,
Pela trela o cãozinho,
Um salsicha acastanhado.
Vivia a amiga Gillette
Se não me recordo mal
No edifício em frente
Da Câmara Municipal.
Eu aí sim nunca fui,
Porque a casa em que vivia,
Diziam os do Lar Moderno,
A um “bouduoir” se parecia.
Quem estivesse na Praça,
Sentado na explanada,
Via passar a senhora,
Sempre muito perfumada.
Francesa até ao fim,
Escrevo aqui neste papel,
De Paris mandava vir
O seu perfume, o Channel.
Fizemos greve aos cinemas,
E a “Gillette” a apoiar,
Ao aumentarem os preços,
Dos bilhetes para entrar.
Morreu lá em Moçambique
Já muito velha a Gillette
Encontrou-se com São Pedro
Mas isso sim, bem “coquette
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