Entre
ontem e hoje, três homens me contaram de suas traições. Todos traíram
suas companheiras com a maior naturalidade. A traição masculina é tida
como natural diferente da feminina que até há pouco tempo era em grande
parte punida com o assassinato da mulher. Em compensação, foi a traição
feminina que fez o melhor da literatura de todos os tempos, aquela feita
no século 19, que está no patamar das realizações mais altas da
humanidade. Bom, até hoje a mulher que trai é muito mais punida que o
homem, vejam o recente exemplo de Kristen Stewart e toda a linchação
feita em praça pública da atriz. O diretor que traiu sua esposa com
Stewart não foi nada condenado e a própria atriz colocou isto em
entrevistas que estava furiosa por ter levado toda a culpa e Rupert
Sandres não, sendo que ele era casado e tinha filhas. Na antropologia
tem uma tese que o medo da traição feminina tem relação com a seleção
natural, patrimônio e herança - que a não traição da mulher garantia - e
que a liberação da traição masculina seria que o homem deveria ter a
missão de fertilizar o mundo. Acho na minha humilde opinião um pouco
simplista tudo isto. A traição é ambígua, às vezes carrega alegria,
senso de aventura, desafio outras vezes carrega culpa, mas sempre
carrrega dor ao traído. Pode ser a dor do amor ou da posse ou do ciúme,
mas é sempre dor. É também a possibildiade de traição que faz muita
relação andar pra frente, seja para um amadurecimento seja para o fim.
Enfim, a traição ou a ideia dela (mesmo como algo nunca ocorrido)
presente em todos os relacionamentos é uma de suas forças vitais.
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