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"Tea Party" prega contrarrevolução nos EUA
Convenção de movimento conservador começa com defesa da "América real" contra intenções "socialistas" de Obama
Integrantes de grupo lançam iniciativa para arrecadar fundos para financiar as campanhas de candidatos que defendam seus valores
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE
Mal havia sido oficialmente inaugurada na noite de anteontem a primeira Convenção Nacional do "Tea Party", rede de novos ativistas conservadores anti-Obama, e os participantes foram convocados a lançar a "contrarrevolução" nos EUA. Nas palavras do primeiro orador do evento, o ex-congressista republicano e ex-pré-candidato à Presidência Tom Tancredo, "a civilização ocidental está ameaçada", e é hora de "retomar a nação".
"A corrida pela América já começou. Calcem seus tênis", disse Tancredo. Sua visão -e, a julgar pela aprovação barulhenta, a da plateia também- é a de que a eleição do presidente Barack Obama empurrou o país em direção a um socialismo pernicioso, piorado por uma mistura de carga tributária alta, desrespeito à Constituição e intervencionismo.
Pior: a revolução causada pela eleição de Obama é uma ameaça à "América real" -um país baseado em crenças judaico-cristãs, confiante na excepcionalidade de sua cultura e fiel aos ideais conservadores.
O republicano bradou contra o governo, a imigração, o multiculturalismo e tudo o que não fosse estritamente alinhado à sua visão "libertária".
Tancredo deixa claro que o abismo entre a esquerda e a direita nos EUA está não só cada vez mais agudo, como também mais perigoso e inflamado -ao menos dentro de um movimento que, se ainda limitado aos direitistas mais extremados, vem conquistando a atenção de boa parte do país.
David Brooks, colunista do "New York Times", escreveu recentemente que "não só o público deu uma guinada à direita" mas que "tudo o que é associado às elites educadas se tornou mais impopular no último ano", como aquecimento global, controle de armas, direito ao aborto e internacionalismo.
Na extrema direita presente na convenção, que termina hoje em Nashville (Tennessee), além de tudo isso, o que falava mais alto era a defesa da superioridade dos EUA. Tancredo afirmou que "não é verdade que todas as culturas são iguais". "Algumas são melhores. A nossa é a melhor de todas."
Vistos como "puristas", os ativistas do "Tea Party" já são mais bem avaliados do que os partidos Democrata e Republicano. Mas isso poderá mudar com uma manobra arriscada anunciada ontem: o lançamento da Corporação Garantindo a Liberdade, uma grande empresa que financiará candidatos conservadores com base em doações de simpatizantes.
O problema é que o "Tea Party" vem conquistando o público justamente por ser um movimento popular, longe de centros de poder. E Mark Skoda, membro do grupo "Tea Party" de Memphis, confirmou que "sim, aceitaremos dinheiro de lobistas e empresas, pois vivemos em uma democracia".
Ele disse que a Corporação Garantindo a Liberdade não é uma iniciativa do "Tea Party", mas sim de alguns de seus ativistas. "Também não estamos tentando substituir a burocracia republicana. Só queremos garantir que os princípios conservadores nos quais acreditamos guiarão as ações dos candidatos que ajudaremos a eleger."
Se conseguir aceitação, a empreitada pode ser início do que Brooks viu como a tendência de o "Tea Party" dominar o Partido Republicano. "Não sou fã do movimento. Mas certamente posso ver seu potencial para dar forma à próxima década."
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"Tea Party" prega contrarrevolução nos EUA
Convenção de movimento conservador começa com defesa da "América real" contra intenções "socialistas" de Obama
Integrantes de grupo lançam iniciativa para arrecadar fundos para financiar as campanhas de candidatos que defendam seus valores
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE
Mal havia sido oficialmente inaugurada na noite de anteontem a primeira Convenção Nacional do "Tea Party", rede de novos ativistas conservadores anti-Obama, e os participantes foram convocados a lançar a "contrarrevolução" nos EUA. Nas palavras do primeiro orador do evento, o ex-congressista republicano e ex-pré-candidato à Presidência Tom Tancredo, "a civilização ocidental está ameaçada", e é hora de "retomar a nação".
"A corrida pela América já começou. Calcem seus tênis", disse Tancredo. Sua visão -e, a julgar pela aprovação barulhenta, a da plateia também- é a de que a eleição do presidente Barack Obama empurrou o país em direção a um socialismo pernicioso, piorado por uma mistura de carga tributária alta, desrespeito à Constituição e intervencionismo.
Pior: a revolução causada pela eleição de Obama é uma ameaça à "América real" -um país baseado em crenças judaico-cristãs, confiante na excepcionalidade de sua cultura e fiel aos ideais conservadores.
O republicano bradou contra o governo, a imigração, o multiculturalismo e tudo o que não fosse estritamente alinhado à sua visão "libertária".
Tancredo deixa claro que o abismo entre a esquerda e a direita nos EUA está não só cada vez mais agudo, como também mais perigoso e inflamado -ao menos dentro de um movimento que, se ainda limitado aos direitistas mais extremados, vem conquistando a atenção de boa parte do país.
David Brooks, colunista do "New York Times", escreveu recentemente que "não só o público deu uma guinada à direita" mas que "tudo o que é associado às elites educadas se tornou mais impopular no último ano", como aquecimento global, controle de armas, direito ao aborto e internacionalismo.
Na extrema direita presente na convenção, que termina hoje em Nashville (Tennessee), além de tudo isso, o que falava mais alto era a defesa da superioridade dos EUA. Tancredo afirmou que "não é verdade que todas as culturas são iguais". "Algumas são melhores. A nossa é a melhor de todas."
Vistos como "puristas", os ativistas do "Tea Party" já são mais bem avaliados do que os partidos Democrata e Republicano. Mas isso poderá mudar com uma manobra arriscada anunciada ontem: o lançamento da Corporação Garantindo a Liberdade, uma grande empresa que financiará candidatos conservadores com base em doações de simpatizantes.
O problema é que o "Tea Party" vem conquistando o público justamente por ser um movimento popular, longe de centros de poder. E Mark Skoda, membro do grupo "Tea Party" de Memphis, confirmou que "sim, aceitaremos dinheiro de lobistas e empresas, pois vivemos em uma democracia".
Ele disse que a Corporação Garantindo a Liberdade não é uma iniciativa do "Tea Party", mas sim de alguns de seus ativistas. "Também não estamos tentando substituir a burocracia republicana. Só queremos garantir que os princípios conservadores nos quais acreditamos guiarão as ações dos candidatos que ajudaremos a eleger."
Se conseguir aceitação, a empreitada pode ser início do que Brooks viu como a tendência de o "Tea Party" dominar o Partido Republicano. "Não sou fã do movimento. Mas certamente posso ver seu potencial para dar forma à próxima década."
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