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A cena gay sempre despontou como alternativa, moderna e inovadora. Mas isso ficou lá pelos anos 70/80, quando as discotecas gays eram guetos frequentados por artistas e gente moderna sem preconceitos que queria dançar boa música. Talvez por isso seus DJs não fossem exatamente “os melhores”, mas tiveram uma grande liberdade de experimentação musical, graças a um público formado por dançarinos abertos a novidades sonoras.
A área das piscinas do clube Continental Baths, em Nova York, em 1969, onde Frankie Knuckles foi residente
A área das piscinas do clube Continental Baths, em NY, em 69: Knuckles foi residente
Com o passar dos anos, o público gay foi saindo do seu colorido armário e, consequentemente, os clubes LGBT também. A música foi se massificando e se popularizando. Assim, não era mais tão necessário lançar tendências nem causar inquietação com o último “lado-B do single-promo-private” recém-lançado. De olho na crescente liberdade sexual, na cultura das divas e no pop para as massas, DJs e produtores começaram a criar uma sonoridade direcionada especificamente para o público 100% gay: a tribal house, que mais tarde ganharia o apelidinho de bate-cabelo no Brasil.
Junior Vasquez era rei no início do bate-cabelo de NY
Junior Vasquez era rei no início do bate-cabelo de NY
Outro fator de peso no surgimento da tribal house atual foram os DJs e produtores (grande parte de origem latina) que viviam em Nova York e produziam latin house (com cerca de 124-126 bpm, geralmente tinham entre 9 e 13 minutos de duração, com muita percussão e vocais em espanhol). Para citar nomes de peso que mandavam nessa cena podemos falar de Kenny “Dope” Gonzalez e Louie Vega (os Master at Work), Toddy TerryJunior VasquezDanny Tenaglia , David MoralesRalphi Rosario e Abel Aguilerra (Rosabel).
Victor Calderona foi um dos primeiros DJs superstar da cena gay
Victor Calderona foi um dos primeiros DJs superstar da cena gay
Como cada vez mais a figura do DJ ficava em evidência, foi preciso também a cena gay ter seus próprios DJs superstar. Daí passamos a ouvir nomes como Victor CalderoneHex HectorJohnny ViciousThunderpuss e Peter Rauhoffer (os maiores responsáveis pela influência e difusão da tribal house tupiniquin), que quase nunca figuram nas listas de top 100 DJs, mas que para o público gay são deuses.
Madonna com Junior Vasquez numa de suas pajamas parties
Madonna com Junior Vasquez numa de suas pajamas parties em Nova York na década de 90
Eles se consolidaram aliando ao seu som a escola latina e as potentes vozes das divas (formada, em maioria, por negras treinadas nos corais das igrejas evangélicas americanas) como Martha Wash,Jennifer HollidayVernessa MitchellDeborah CoxJocelyn BrownIndiaSuzanne Palmer,Kristine WJoi CardwellCeleda etc. O sucesso entre o público gay foi tanto que esses mesmos DJs/produtores passaram a ser requisitados pelas grandes gravadoras para remixar divas bem mais pop, como CherMadonna,Kylie MinogueMariah CareyWhitney Houston...
Atualmente a cena tribal house atravessa um momento de estagnação no tempo, misturando a eterna influência das divas com a velocidade do progressive house, as percussões do latin house e a agressividade pop do EDM.
Mas pra você entender o início dessa evolução toda separamos 10 singles divisores de águas da tribal house no Brasil e convidamos DJs com anos de cabine na cena LGBT para indicar seus Top 5.
TOP 10 SINGLES DE TRIBAL HOUSE
Masters At Work Feat. India – I Can’t Get No Sleep (1993)
Até hoje surgem novos remixes desse hit da garage house com vocais da porto-riquenha La India, que também fazia parte do projeto Nuyorican Soul.
Danny Tenaglia – Bottom Heavy (1994)
Esse hit das pistas gays nada mais é do que um remix descartado que Danny Tenaglia fez para a faixaWorld – The Price of Love do New Order (que posteriormente autorizou Danny a lançar a faixa) sem os vocais. Danny então retirou o acapella e renomeu a faixa.
Junior Vasquez – If Madonna Calls (1996)
No mundo dos DJs tudo se aproveita. Quer maior exemplo do que o hit feito apenas com uma mensagem deixada por Madonna na secretaria eletrônica do DJ Junior Vazquez? Especula-se que a música foi produzida depois que Madonna deu um furo e não apareceu para uma performance surpresa em uma das festas do Junior no club Tunnel em Nova York. Madonna não gostou e não aprovou a brincadeira com o uso do sample da sua voz e terminou sua relação profissional com o DJ – eles nunca mais voltaram a trabalhar juntos.
Victor Calderone – Give It Up (1997)

Victor chegou a remixar oficialmente mais de um single de Madonna, e na época era um dos DJs mais requisitados das grandes festas do circuito gay do planeta. Give it Up é seu maior sucesso nas pistas gays.
Vernessa Mitchell – This Joy (1998)
O single This Joy ganhou disco de platina triplo e foi uma das músicas mais executadas de 1999. Dez entre dez travestis já dublaram esse que deve ser sem dúvida o maior hit-gritaria da história da tribal house.
Razor N’ Guido – Do It Again (1998)
Se você tocar hoje esse hit tribal que flertava com hard house, ele ainda será lembrado. Foi executado à exaustão e saltou das pistas gays para o mundo.

Johnny Vicious Feat. Lula – Ecstasy (Take Your Shirts Off) (1988)
Os vocais da austriaca Claudia Radbauer(aka Lula), cantado em broken english, era uma tribal house nervosa e hipnótica que, como o próprio nome da música diz, levava a pista ao ecstasy literalmente.
Jennifer Holliday – A Woman’s Got The Power (1999)
Outra cantora gospel que soltava a voz sem pena para deleite do público gay. Famosa pelo seu hit AndI Am Telling You I’m Not Going, Jennifer Holliday é da escola de musicais da Broadway e premiada com o Grammy em 1983 por Dreamgirls. Porém, foi com o nervoso single A Woman’s Got the Power que talvez possamos culpá-la pelos rodopios das drags em seus giros de bate-cabelo.

Peter Rauhofer+ Pet Shop Boys =The Collaboration – Break 4 Love (2001)
Peter talvez tenha sido o melhor e o mais admirado produtor que a cena LGBT tenha ouvido. Desde o seu chic e sexy projeto com a vocalista Kim Cooper (Club 69), ele usava outros vários nomes, comoDanube Dance, Dirty Monkey, Saxmachine, e Size Queen. Chegou ao mais alto patamar dos produtores de dance music remixando todos os superstars (Whitney, Annie Lennox, Toni Braxton, Goldfrapp, Janet Jackson, Madonna, Britney etc) e esse trabalho em parceria com os Pet Shop Boysresume bem toda a sua brilhante trajetória. Um hino que foi inclusive trilha do seriado Queer as Folk.
Altar – Sexercise (2003)
Não apenas porque eles são a única dupla de brasileiros a chegaram ao top chart Dance da Bilboard americana, mas porque essa música rodou o planeta e foi licenciada para mais de 17 coletâneas e virou o maior hit tribal da história nacional.
TOP 5 DOS DJS AINDA NA ATIVA DESDE AS ÉPOCAS DE OURO EM CLUBES LGBTT

DJ Paulo Pacheco (SP)
William Umana – Tribal Evolution (2004)

DJ Paulo Agulhari  (SP)
DJ Chus pres The Groove Fundation – That Feeling (2002)
Piliavin & Zimbardo & D-Formation – Tie Me Down (2004)
D-Formation – The Third Dimension (2004)
Club 69 – Twisted (1997)
Simon & Shaker – Into The Room (2005)

DJ Las Bibas From Vizcaya (Recife/SP)
Gisele Jackson – Love Commandments (1996)
Funky Green Dogs – Fired Up! (1996)
Danny Tenaglia feat. Celeda – Music is the Answer (1998)
Armand Van Helden – Entra em mi Casa (1999)
Live Elements – Be Free (2001)

DJ Morais (SP)
Size Queen – Music (1998)
Chus & Ceballos – Echoes from Doruma (2003)
Kristine W – Save My Soul (2004)
Suzane Palmer – Home (2005)
Offer Nissin Cha cha cha (2008)

DJ Zozó (Amsterdam)
Sextravaganza – (I want to) Take You Home Tonite (1993)
Danny Tenaglia – Elements (1997)
Junior Vasquez – Get Your Hands Off My Man (1994)
River Ocean feat India – Love & Happiness (1994)
Alcatraz – Give Me Luv (1995)
DJ Edson Pride  (SP)
Skunk Anasie – Brazen Weep (1997)
Whitney Houston – It’s Not Right But It’s Okay (1998)
Kelly Clarkson – Because Of You (2005)
Club 69 feat. Kim Cooper – Drama (1997)
Danny Tenaglia – Elements (1997)
DJ Paulo Ciotti (SP)
Ralphi Rosario feat Xavier Gold – You Used To Hold Me (1987)
Ultra Nate – Free (1997)
Patti Austin – Reach (1994)
Humate – Love Stimulation (1998)

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