moda
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre Milão, Nova York e Paris, Ailton Pimentel fez o nome que estremecia os bastidores da moda paulistana. "Amigo e desafeto de nove entre dez celebridades", alfinetou, com sua prosa elegante, "de uma malícia econômica", o lado de dentro e de fora de manequins e passarelas.
Nascido em Salvador, era "menino muito sabido", diz a mãe, que estranhava sua paixão por desenhar retratos e vestidos. Ele dizia que queria ser jornalista. "E eu dizia: "Sonha, vai sonhando". Achava que não dava pra coisa."
Tanto dava que fez faculdade de comunicação e escreveu sobre moda no "Correio da Bahia", até mudar para São Paulo. Para desgosto da mãe e sorte de estilistas paulistanos. "Sempre foi um tipo de conselheiro." Foi um dos fundadores do portal Glamurama, de Joyce Pascowitch, e trabalhou para as revistas "Vogue", "Quem" e "mag!", além de editar o portal da São Paulo Fashion Week e colaborar com o UOL.
"Mas não era vítima da moda", diz um colega. "Usava, claro, um Prada, uma bolsa da Louis Vuitton, mas só coisas boas." Era como Anna Wintour, editora da "Vogue" americana, brincavam os amigos. Tinha poucas e boas peças no guarda-roupa.
Um dos raros negros a circular nos bastidores dos desfiles, coordenou o livro "Cartas a um Jovem Estilista", com Alexandre Herchcovitch. "Seu sonho era ser curador de moda", dava aulas e palestras sobre o tema. Parecia a caminho.
Morreu na terça, de edema pulmonar, aos 37 anos. No velório, os mais íntimos levaram uma faixa, que dizia: "Se Joga, Bi". Bi era o apelido mordaz nas rodas da moda.
Comentários