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Internet grátis tem acesso restrito em morro do Rio
Serviço no Santa Marta só atinge de 50 a cem usuários

FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O sinal gratuito para acesso à internet banda larga do morro Santa Marta, em Botafogo, inaugurado em março, ainda está longe de alcançar os 10 mil beneficiados anunciados pelo governo do Estado do Rio.
Durante os primeiros 15 dias da rede, o acesso ficou restrito a um número entre 50 e cem usuários, segundo a empresa responsável pelo sistema.
O projeto enfrenta problemas relativos à informação da população e da própria geografia íngreme e acidentada da favela, causando a chamada "sombra de cobertura", que impede que o sinal chegue aos primeiros andares e porões, principalmente no centro do bairro.
O projeto Santa Marta Digital foi implementado pelo Estado através da Secretaria de Ciência e Tecnologia e custou R$ 496 mil. São 16 antenas que transmitem o sinal 24 horas.
Logo que a rede foi inaugurada, Raphael Cassimiro, 24, que mora entre duas antenas, sendo a mais próxima a 30 metros de sua casa, testou o serviço em seu notebook e constatou que a internet não funcionava.
Irritado com o sinal intermitente, subiu na laje e sentou ao pé de uma das antenas, que mesmo assim não funcionou.
Fez o mesmo com a outra antena e, enfim, conseguiu captar o sinal. Morador do Santa Marta há um ano, Cassimiro trabalha como auxiliar administrativo e complementa a renda vendendo pipas na favela.
Mesmo com um orçamento apertado, ele cogita contratar um provedor privado.
Já Giovana de Souza, 19, não teve tempo de tirar suas conclusões. Nos primeiros dias de sinal aberto, segundo ela, alguns moradores quebraram a antena que ficava a 10 metros da casa dela por pensarem que se tratava de uma câmera.
Ela, que tinha comprado o receptor do sinal por R$ 80, teve que revendê-lo para assinar um provedor particular. "Se botarem a antena aqui de novo, eu vou desfazer o contrato com meu provedor e usar a internet aqui do morro, porque é de graça. Hoje, pago R$84 por mês."
Segundo a empresa Mibra Engenharia, responsável pelo sistema, o adaptador do sinal pode chegar a custar R$ 200.
"Com toda essa inovação, esse crescimento para colocar a favela como modelo, eles esquecem que isso onera muito a população. Nem todo mundo vai poder comprar esse equipamento", diz Itamar Silva, presidente do Grupo Eco, que desenvolve projetos de informática no Santa Marta desde 1995.
Para ele, primeiro se deve pensar no acesso da população aos computadores e, depois, na intensidade do sinal.
Para tentar se aproximar da população e resolver os problemas da rede, a Mibra Engenharia recrutou quatro jovens da comunidade e os treinou para darem suporte técnico.

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