Crise econômica faz com que consumidor afaste-se dos alimentos orgânicos
Andrew Martin
Há algum tempo as vendas de produtos orgânicos e naturais cresciam segundo índices de dois dígitos na maioria dos anos. Vendedores e investidores entusiasmados lotavam as feiras de comércio procurando a próxima grande onda do setor. Carne de bois alimentados exclusivamente com capim? Comida orgânica para bebês? Barras energéticas sem glúten?
Mas, agora, os gastos anêmicos dos consumidores estão acabando com este clima. Acontece que, em tempos difíceis, os consumidores podem estar menos interessados no que a vaca comeu antes de ser retalhada para o jantar, ou no fato de as cenouras terem sido ou não cultivadas com fertilizantes químicos - especialmente se esses produtos custarem o dobro dos alimentos convencionais.
A Whole Food Market, um exemplo ilustrativo da indústria de produtos naturais e orgânicos, está enfrentando o período mais difícil da sua história. E a indústria orgânica está começando a dar sinais de que uma década de vendas excepcionais pode estar chegando ao fim.
O volume das vendas dos produtos orgânicos, que vinha crescendo ao índice anual de 20% nos últimos anos, registrou uma queda para um patamar de crescimento muito menor nos últimos meses, de acordo com dados da empresa de pesquisa de mercados Nielsen. Durante o período de quatro semanas encerrado em 4 de outubro, o volume de produtos orgânicos vendidos aumentou apenas 4% comparado ao mesmo período do ano passado.
"Os orgânicos continuam crescendo e superando várias categorias de produtos", concluiu a Nielsen em um relatório de outubro. "No entanto, nas últimas semanas tem havido crescimentos menores, o que possivelmente é o início de uma curva horizontal de crescimento dos orgânicos".
Se esta desaceleração continuar, ela poderá ter conseqüências amplas, para além da indústria de orgânicos, cujo sucesso estimulou o crescimento de diversos outros produtos que são vendidos sob rótulos semelhantes, como café comercializado segundo o sistema "fair trade", a carne sem hormônios e as galinhas criadas "humanamente". Quase todos esses produtos são vendidos a preços elevados.
Embora um grupo de consumidores considere os produtos orgânicos ou produzidos localmente com sendo da mais alta prioridade, o crescimento do setor nos últimos anos foi impulsionado por um grupo bem maior de consumidores menos comprometidos com esta onda. A debilidade da economia está fazendo com que muitos escolham que parcela deste mercado é de fato importante para eles. Isto quando não descartam completamente os orgânicos.
Entre os produtos orgânicos, aqueles voltados para as crianças provavelmente continuarão prosperando por atraírem os pais preocupados com a saúde dos filhos, afirma Laurie Demeritt, presidente e diretora de operações do Hartman Group, uma firma de pesquisa de mercado para a indústria de produtos de saúde e bem-estar. Mas os produtos cujos benefícios não são percebidos com tanta facilidade, como os alimentos processados para adultos, poderão enfrentar dificuldades.
"A economia cristalizou os sacrifícios que os consumidores estão dispostos a fazer", diz ela. "O fair trade é bom, mas ele pode sair da lista de prioridades do consumidor, enquanto o leite orgânico pode permanecer".
Thomas J. Blischok, presidente de consultoria e inovação da Information Resources, uma empresa de pesquisa de mercado, afirma que os compradores não estão afastando-se inteiramente de categorias como os produtos orgânicos nos supermercados. Mas, segundo Blischok, eles estão tornando-se mais seletivos, comprando quatro ou cinco produtos em vez de sete ou oito.
Blischok entrevistou mais de 1.000 consumidores no primeiro semestre deste ano e descobriu que quase dois terços estavam reduzindo a compra de produtos não essenciais, e que quase a metade passou a comprar menos produtos orgânicos porque estes são muito caros. Tais atitudes do consumidor fizeram com que aumentassem os problemas da Whole Foods Market, a rede com sede em Austin, no Texas, que serve como base para o lançamento de várias marcas de produtos orgânicos e naturais. As ações da companhia caíram mais de 70% desde o início do ano, e os analistas esperam mais notícias ruins quando rendimentos relativos ao quarto trimestre forem forem anunciados na próxima semana.
Theresa Marquez, diretora-executiva de marketing da Organic Valley, que vende principalmente laticínios orgânicos, afirma que não está preocupada com os consumidores fiéis, porque estes sempre compram produtos orgânicos.
"Não sei se os consumidores 'periféricos' - aqueles que compram talvez apenas cerca de quatro vezes por mês - quebrarão o setor", disse ela em uma conversa por e-mail após a convenção. "Mas eu temo que esses consumidores periféricos sejam importantes para o crescimento da indústria e que, sem eles, a venda dos orgânicos sem dúvida deixe de aumentar".
Tradução: UOL
Visite o site do The New York Times
Andrew Martin
Há algum tempo as vendas de produtos orgânicos e naturais cresciam segundo índices de dois dígitos na maioria dos anos. Vendedores e investidores entusiasmados lotavam as feiras de comércio procurando a próxima grande onda do setor. Carne de bois alimentados exclusivamente com capim? Comida orgânica para bebês? Barras energéticas sem glúten?
Mas, agora, os gastos anêmicos dos consumidores estão acabando com este clima. Acontece que, em tempos difíceis, os consumidores podem estar menos interessados no que a vaca comeu antes de ser retalhada para o jantar, ou no fato de as cenouras terem sido ou não cultivadas com fertilizantes químicos - especialmente se esses produtos custarem o dobro dos alimentos convencionais.
A Whole Food Market, um exemplo ilustrativo da indústria de produtos naturais e orgânicos, está enfrentando o período mais difícil da sua história. E a indústria orgânica está começando a dar sinais de que uma década de vendas excepcionais pode estar chegando ao fim.
O volume das vendas dos produtos orgânicos, que vinha crescendo ao índice anual de 20% nos últimos anos, registrou uma queda para um patamar de crescimento muito menor nos últimos meses, de acordo com dados da empresa de pesquisa de mercados Nielsen. Durante o período de quatro semanas encerrado em 4 de outubro, o volume de produtos orgânicos vendidos aumentou apenas 4% comparado ao mesmo período do ano passado.
"Os orgânicos continuam crescendo e superando várias categorias de produtos", concluiu a Nielsen em um relatório de outubro. "No entanto, nas últimas semanas tem havido crescimentos menores, o que possivelmente é o início de uma curva horizontal de crescimento dos orgânicos".
Se esta desaceleração continuar, ela poderá ter conseqüências amplas, para além da indústria de orgânicos, cujo sucesso estimulou o crescimento de diversos outros produtos que são vendidos sob rótulos semelhantes, como café comercializado segundo o sistema "fair trade", a carne sem hormônios e as galinhas criadas "humanamente". Quase todos esses produtos são vendidos a preços elevados.
Embora um grupo de consumidores considere os produtos orgânicos ou produzidos localmente com sendo da mais alta prioridade, o crescimento do setor nos últimos anos foi impulsionado por um grupo bem maior de consumidores menos comprometidos com esta onda. A debilidade da economia está fazendo com que muitos escolham que parcela deste mercado é de fato importante para eles. Isto quando não descartam completamente os orgânicos.
Entre os produtos orgânicos, aqueles voltados para as crianças provavelmente continuarão prosperando por atraírem os pais preocupados com a saúde dos filhos, afirma Laurie Demeritt, presidente e diretora de operações do Hartman Group, uma firma de pesquisa de mercado para a indústria de produtos de saúde e bem-estar. Mas os produtos cujos benefícios não são percebidos com tanta facilidade, como os alimentos processados para adultos, poderão enfrentar dificuldades.
"A economia cristalizou os sacrifícios que os consumidores estão dispostos a fazer", diz ela. "O fair trade é bom, mas ele pode sair da lista de prioridades do consumidor, enquanto o leite orgânico pode permanecer".
Thomas J. Blischok, presidente de consultoria e inovação da Information Resources, uma empresa de pesquisa de mercado, afirma que os compradores não estão afastando-se inteiramente de categorias como os produtos orgânicos nos supermercados. Mas, segundo Blischok, eles estão tornando-se mais seletivos, comprando quatro ou cinco produtos em vez de sete ou oito.
Blischok entrevistou mais de 1.000 consumidores no primeiro semestre deste ano e descobriu que quase dois terços estavam reduzindo a compra de produtos não essenciais, e que quase a metade passou a comprar menos produtos orgânicos porque estes são muito caros. Tais atitudes do consumidor fizeram com que aumentassem os problemas da Whole Foods Market, a rede com sede em Austin, no Texas, que serve como base para o lançamento de várias marcas de produtos orgânicos e naturais. As ações da companhia caíram mais de 70% desde o início do ano, e os analistas esperam mais notícias ruins quando rendimentos relativos ao quarto trimestre forem forem anunciados na próxima semana.
Theresa Marquez, diretora-executiva de marketing da Organic Valley, que vende principalmente laticínios orgânicos, afirma que não está preocupada com os consumidores fiéis, porque estes sempre compram produtos orgânicos.
"Não sei se os consumidores 'periféricos' - aqueles que compram talvez apenas cerca de quatro vezes por mês - quebrarão o setor", disse ela em uma conversa por e-mail após a convenção. "Mas eu temo que esses consumidores periféricos sejam importantes para o crescimento da indústria e que, sem eles, a venda dos orgânicos sem dúvida deixe de aumentar".
Tradução: UOL
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