Crítica
Murakami encontra cenário ideal para sua ousada cozinha japonesa
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Para quem conheceu o velho Kinoshita na Liberdade, o novo, na Vila Nova Conceição, está irreconhecível. Mas a cozinha de seu chef, Tsuyoshi Murakami, 39, não. O restaurante original foi fundado em 1976 por Toshio Kinoshita, que, nascido no Japão, chegara ao Brasil em 1961. Dez anos depois, Murakami aportou por aqui.
Nascido na mesma cidade, Hokkaido, ele entrou no Kinoshita há 14 anos -depois de ter trabalhado como sushiman em Tóquio, Nova York e Barcelona. Quatro anos depois, casou com Suzana, filha do dono, e agora dirige a casa, enquanto o sogro se mantém na ativa.
O antigo Kinoshita -que fechou em 2007 e teve de esperar um ano para que as obras do novo ponto ficassem prontas- era um restaurante no velho estilo da Liberdade, onde no entanto, ao lado dos combinados e pratos convencionais, existiam os menus-degustação, com pratos surpreendentes preparados por Murakami, em busca dos quais acorriam gourmets de toda a cidade.
Agora, o lado convencional ficou para trás, embora os pratos modernos e sofisticados do novo Kinoshita tenham um rigor obsessivo pelas fórmulas originais dos preparos utilizados e pela qualidade dos ingredientes. Shoyu temperado na casa, caldo de peixe feito com peixe e algas importados, arroz preparado em recipientes de madeira, ingredientes trazidos do Japão. Todos esses detalhes dão uma credibilidade ao paladar ousado proposto pelo chef.
Associado ao empresário Marcelo Fernandes, 41, também da Mercearia do Francês, Murakami encontra neste espaço moderno e no vistoso balcão um palco adequado para suas criações. Há sashimis e sushis com arroz no ponto e peixes cheios de viço, além de vieiras, camarõezinhos e mariscos japoneses, nadadeira de linguado, abalone, kobe beef. Há tirashi (peixe sobre arroz) com moderna apresentação.
No menu-degustação, pode haver tudo isso, mais outras surpresas: lulas cruas em molho com seu fígado; atum selado com molho de missô; pancetta de porco lentamente cozida no vapor; picanha marinada em missô e servida crua; uma versão de tonkatsu com filé de boi (no lugar do porco) cru e crocante, à milanesa. Um repertório que parece inesgotável.
josimar@basilico.com.br
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