Brasil aprova plantio de duas variedades de milho transgênico
Da Reuters
Em São Paulo
O Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) aprovou nesta terça-feira o plantio e a comercialização de duas variedades de milho transgênico no Brasil.
As variedades aprovadas são da Bayer CropScience e da Monsanto .
O milho transgênico é o terceiro produto agrícola alterado geneticamente a receber autorização de plantio no Brasil, depois da soja e do algodão, ambos com patente da Monsanto.
"Do ponto de vista da ciência e tecnologia, o que se considera é que as sementes liberadas são seguras para o consumo humano, para o consumo animal e para o meio ambiente", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, a jornalistas.
A aprovação se deu em meio a manifestações em frente ao Palácio do Planalto, de acordo com a Agência Brasil. Alguns movimentos, como a Via Campesina, protestaram contra os transgênicos, afirmando que não há estudos completos que garantam que as variedades de milho são seguras à saúde e ao meio ambiente.
O conselho, formado por 11 ministros, analisa questões de biossegurança sob o ponto de vista sócio-econômico.
As duas variedades receberam sete votos favoráveis no órgão. Representantes de quatro ministérios votaram contra.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que se opõe aos transgênicos, está em viagem à Guiana Francesa, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda assim, o Ministério do Meio Ambiente esteve representado no conselho, mas o ministro da Ciência e Tecnologia avaliou que a decisão do CNBS não teria sido diferente se Marina estivesse presente no encontro.
A CTNBio, o órgão científico do governo para transgênicos, já havia autorizado essas variedades no ano passado e a liberação dependia ainda da decisão do CNBS.
O milho da Bayer, denominado Liberty Link, é resistente ao herbicida glufosinato de amônio. Já o da Monsanto, o MON 810, é resistente a insetos.
Essa variedade da Monsanto, aprovada nos EUA e na União Européia, é alvo de críticas da França, que quer proibi-la no país. [ID:nN07389349]
Segundo fontes do setor produtivo que defendem o uso de grãos geneticamente modificados, os transgênicos poderiam elevar a produtividade ao mesmo tempo em que reduziriam custos de produção.
O milho MON 810, segundo comunicado da Monsanto, proporciona uma redução do uso de inseticidas e consequente diminuição da contaminação do solo e de lençóis freáticos por resíduos químicos.
Outra vantagem, afirmou a empresa, tem relação com o controle seletivo a insetos, pois a "tecnologia só é eficaz a pragas que atacam a lavoura, sem que as demais comunidades do bioma sejam afetadas, como pássaros, joaninhas ou outros insetos não-alvo".
Com a aprovação do CNBS, caberá agora ao Ministério da Agricultura registrar essas variedades transgênicas, um procedimento burocrático que não deve se prolongar por muito tempo, até porque o ministro Reinhold Stephanes, o relator do processo no CNBS, foi favorável à aprovação do milho geneticamente modificado.
Se nenhuma decisão judicial barrar o processo, o que já aconteceu durante o trâmite para a aprovação do milho transgênico, haveria sementes disponíveis para plantar o cereal geneticamente modificado na segunda safra do ano que vem (2008/09), segundo uma fonte do governo.
Com a autorização, as empresas detentoras das patentes dos produtos fariam a multiplicação das sementes na safra de verão 08/09 e depois poderiam oferecê-las em um volume maior para a safrinha.
Ficou para uma próxima reunião a aprovação de uma variedade de milho da Syngenta, que já foi aprovada pela CTNBio.
(Reportagem de Roberto Samora)
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